Em época de intercâmbios entre blogues, a Raquel (do 365diasnomundo) – natural do concelho de Albergaria-a-Velha -, convidou-me para me juntar a uma visita à Rota dos Moinhos. A resposta não poderia ser outra que não um “sim” e portanto, na companhia dela e do Tiago, e com o apoio incansável da secção de turismo do Município de Albergaria-a-Velha, passamos um dia na região a conhecer o maior conjunto de moinhos de água inventariados da Europa.
Venham descobri-los connosco!
O dia começou chuvoso na Estalagem dos Padres onde pernoitamos, o céu cinzento não convidava a passeios ao ar livre mas Albergaria haveria de nos surpreender mesmo debaixo de alguma água.
A manhã começou em Soutelo, no Moinho do Porto de Riba, nas margens do Rio Jardim, a construção remonta ao séc XIX e é atualmente propriedade da APPACDM. O espaço adjacente permite a realização de eventos – é aqui que se realiza tradicionalmente o Festival Romano do concelho – cuja edição de 2020 teve de ser cancelada devido à pandemia de covid-19.
Seguimos para Ribeira de Fráguas com visitamos os Moinhos da Quinta da Ribeira e o Moinho de Baixo, situados ao longo do Rio Fílveda. O trilho que acompanha o percurso do rio e que permite visitar o conjunto de moinhos passa por pequenas represas e açudes, o que proporciona um passeio muito agradável.
Ainda nas margens do Rio Fílveda, fomos recebidos em Vilarinho de São Roque (Aldeia de Portugal) pela Carla – representante da associação AVILAR – que nos levou numa visita guiada pelos Moinhos do Regatinho e nos deu a conhecer as tradições ainda vivas da aldeia e do funcionamento destes moinhos familiares, atualmente em funcionamento numa escala de horas divida por entre várias famílias da aldeia, num modelo comunitário que dura há várias décadas.
Ainda durante a manhã visitamos o remodelado Moinho do Chão do Ribeiro, em Mouquim, espaço gerido pela junta de freguesia, que se encontra nas margens do Ribeiro de Mouquim, e numa área de lazer à disposição da população local.
À hora de almoço o sol finalmente deu um ar de sua graça, e depois das energias recuperadas, estavamos prontos para descobrir mais uma série de moinhos – agora com a colaboração do São Pedro para o que ainda restava do dia.
Recomeçamos no Fial, onde visitamos o simpático Moinho do Maia. Fomos recebidos pela família que gere o moinho, que vimos ainda em funcionamento. O espaço conta com uma pequena casa de moleiro adjacente e um quintal bem cuidado. Ouvimos histórias de mós e de vida e trouxemos umas laranjas caseiras na bagagem.
A paragem seguinte não comtemplava um moinho de água, mas sim uma Atafona – uma espécie de engenho semelhante ao moinho mas cujo eixo que faz mover as mós é acionado por tração animal. Esta Atafona do início do séc. XIX encontra-se no piso térreo de uma antiga casa de lavoura e ainda se encontra funcional.
Retomamos aos moinhos de água no Ribeiro de São Marcos, onde visitamos o Moinho de São Marcos de Baixo, propriedade privada e orgulho da família que o restaurou, o espaço está bastante agradável e o moinho ainda em funcionamento.
Terminamos com dois moinhos na Ribeira do Fontão, o Moinho da Cova do Fontão, com vários conjuntos de mós ainda em funcionamento e o Moinho do Ti Miguel, onde o Sr. Joaquim fala com orgulho do espaço que recuperou e onde planeia em breve receber visitantes para turismo de habitação.
Foi um dia bem passado entre histórias familiares, tradições comunitárias e a arte de bem receber. É notório o orgulho que as famílias e coletividades têm na recuperação e funcionamento dos seus moinhos e a forma apaixonada como nos contam as histórias de décadas de atividade.
Uma experiência genuína a repetir: “da próxima ficaremos para almoçar. Obrigada!”
“Os Moinhos de Água predominam em Albergaria-a-Velha – concelho com o maior número de moinhos de água inventariados da Europa – constituindo um dos elementos importantes da paisagem rural das linhas de água que percorrem todo o concelho. São elementos com elevado valor patrimonial que deliciam a vista às gentes das suas terras e a todos os visitantes que se atrevem a explorá-los. Albergaria-a-Velha é uma terra de tradições feitas de água, pão e moinhos. (…)
A Rota dos Moinhos é constituída atualmente por 11 núcleos num total de 14 moinhos com 19 casais de mós, distribuídos por diferentes freguesias do concelho. O moinho era um dos lugares centrais na vida de uma comunidade rural, onde as memórias de outrora, continuam bem vivas nos rituais diários dos moleiros e no girar interminável das suas mós e rodízios. Embora existam engenhos em todo o concelho, é ao longo do Rio Caima que temos as unidades de maior expressão e importância, uma vez que o caudal mais estável permitia uma laboração permanente. Contudo, também nos rios Fílveda e Jardim, nas ribeiras de Albergaria-a-Velha, Fontão, Frias, Fial e Mouquim e nas inúmeras corgas e valas de todas as freguesias, se encontram vestígios ou registos de mais de três centenas e meia de moinhos, indiciando a importância que a atividade moageira teve na região. Estes moinhos foram edificados sobretudo no século XVIII e XIX, com recursos a materiais de construção locais. Situados nas margens dos rios e ribeiros, aproveitavam a força hídrica dos cursos de água, desviando-a pela levada diretamente até ao cubo onde a pressão era aumentada pelo efeito de gravidade, alimentando as penas do rodízio em madeira e fazendo-o girar. A força gerada por esta ação é transmitida pelo eixo, gerando a força para mover as mós de pedra. Muitos deles eram moinhos de diversos proprietários, pelo que eram utilizados de acordo com um horário previamente acordado entre todos os seus utilizadores. Aqui moíam-se sobretudo as culturas locais, com particular destaque para o milho e trigo. Estes engenhos eram também usados para o descasque do arroz produzido na região do Baixo Vouga, usando-se para isso placas de cortiça que cobriam as mós, que reduziam o seu efeito abrasivo.” Rota dos Moinhos, Albergaria-a-Velha

Porquê Albergaria-a-Velha? As origens.
Estratégicamente situada, ao longo dos séculos, na principal ligação entre as cidades de Lisboa e do Porto, o nome da localidade surge por ser ponto de passagem e paragem obrigatória para quem se deslocava pelo país desde os tempos idos da Estrada Real. A primeira albergaria da cidade foi fundada em 1117, por D. Teresa, e ao longo dos anos estalagens, pensões, hotéis e alojamentos da mais variada dimensão e qualidade foram surgindo, reforçando o espírito da cidade.
Onde dormir? Estalagem dos Padres
Uma dessas albergarias, a Estalagem dos Padres, foi fundada em 1818 e manteve-se ao longo de décadas na posse da mesma família, foi propriedades de padres (daí o nome exibido) e chegou renovada até aos dias de hoje, sendo a nossa escolha para a noite que passamos em Albergaria.
Com renovação recente, decoração simples e conforto, é uma boa opção caso estejam pela região.
Atualmente, e devido às contingências da pandemia, fizemos self-checkin, as áreas comuns do hotel estão interditas e não há lugar a serviço de pequeno-almoço. A localização é imbatível, no centro de Albergaria.
(+) Estalagem dos Padres | Albergaria-a-Velha
Podem saber mais detalhes sobre esta Rota do Moinhos, na página do Município de Albergaria-a-Velha. É também lá que podem fazer o contacto com a Secção de Turismo para agendar a vossa própria visita. Terá de ser planeada com a antecedência necessária para o contacto com os proprietários dos moinhos. A visita não tem qualquer custo associado.
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